Num consórcio de 22 entidades, a Bosh e a UA antecipam o futuro na indústria e do trabalho nas fábricas através do desenvolvimento e integração de soluções inovadoras, que vão desde a implementação industrial do 5G, AIoT e Realidade Aumentada (RA), que visam a integração robótica e criação de software com IA, com o objetivo não só de melhorar a eficiência, mas também a saúde dos trabalhadores.
Estas e outras tecnologias foram apresentadas, publicamente, na quarta-feira, e são resultado do projeto de inovação Augmented Humanity (Augmanity).
Com foco nas áreas de 5G, ergonomia industrial e robótica, data science, IA, Realidade Virtual e RA, as tecnologias desenvolvidas no âmbito do projeto Augmanity antecipam o futuro da Indústria 4.0 e potencializam uma maior competitividade da indústria e produção, em Portugal.

Com um valor de investimento de oito milhões de euros, estiveram envolvidos neste projeto cerca de 275 técnicos e investigadores das várias empresas e entidades do consórcio.
Da parte da Bosch foram mais de 60 os colaboradores afetos à I&D do Augmanity, tendo ainda sido contratados cinco colaboradores altamente qualificados especificamente no âmbito do projeto. A UA, como parceiro científico estratégico deste projeto, alocou 55 investigadores e contratou 25 bolseiros de investigação.
Desde o primeiro momento apresentámos o Augmanity como sendo um projeto muito ambicioso com o objetivo de antecipar o futuro na indústria, não só das fábricas, mas do trabalho em geral, tanto a nível dos processos industriais, como até mesmo dos processos de negócio.
Importa ainda referir aquele que tal como o próprio nome evidencia – Augmented Humanity ou humanidade aumentada – foi sempre um dos seus principais eixos de inovação, e que tem a ver com a visão sobre a importância do fator humano neste processo de transformação industrial. O resultado são tecnologias de ponta naturais e que representam uma mais-valia para o chão de fábrica.
Explicou Nelson Ferreira, responsável pela área da Indústria 4.0 na Bosch.
5G, Machine Learning, IA e Recursos Humanos 4.0
Com base numa estratégia coordenada entre os parceiros industriais e os centros de investigação, resultam deste projeto tecnologias e ferramentas relevantes que tornam os processos industriais mais eficientes, menos impactantes na saúde dos trabalhadores, reduzem o risco, preparam e adaptam os processos e os recursos humanos para os novos paradigmas da digitalização da Indústria 4.0.
Assim, considerando as cinco principais áreas tecnológicas em que o projeto Augmanity assentou a sua organização, importa destacar o desenvolvimento e aplicação das seguintes soluções:
- Machine Learning e Inteligência Artificial: inclui a analítica preditiva para a Indústria 4.0, potencializando a utilização de sensores para antecipar necessidades de manutenção e otimizar linhas de produção por Machine Learning.
- 5G e IIoT: para mudar o paradigma da indústria nacional o 5G assume um papel fulcral, permitindo saber em permanência onde está um equipamento e ter robótica móvel colaborativa a andar pela fábrica. No caso da implementação do 5G é ainda de salientar o facto da fábrica da Bosch em Aveiro ter sido uma das primeiras com a aplicação desta tecnologia no chão de fábrica, tendo também daqui resultado o primeiro esquentador/caldeira controlado por tecnologia 5G.
- Ergonomia Industrial e Robótica: criação de sensores vários e novos wearables que vão de sapatos inteligentes que dão indicações sobre a distribuição do peso e a postura; aos coletes com sensores que recolhem informações sobre a posição do tronco ou dos ombros, a temperatura corporal ou a tensão arterial, e também os exoesqueletos que auxiliam nas tarefas mais exigentes. O objetivo é que a informação recolhida por estes sensores, depois analisada, possa ajudar a prevenir lesões e outras questões musculosqueléticas.
- Visão artificial e Realidade Aumentada: uso de sistemas de visão artificial para gerir equipamentos no chão de fábrica, e recurso a óculos de RA para consultar os dados vitais de uma máquina.
- Recursos humanos 4.0: as várias ferramentas desenvolvidas permitem centralizar num software para ter trabalhadores mais eficientes e saudáveis, potencializando um melhor conhecimento do trabalhador e das condições para que as pessoas se sintam valorizadas, assim como também possibilita o desenvolvimento e adequação dos processos produtivos de acordo com as características da população ativa.
Para João Veloso, Vice-Reitor para a Cooperação da Universidade de Aveiro, “é fundamental que as empresas possam evoluir para uma indústria 5.0 centrada no indivíduo de modo a elevar a sua eficiência produtiva e competitividade”.
Acreditamos que esta parceria da Bosch com o saber da Universidade de Aveiro permitiu explorar, desenvolver e aplicar novos conceitos que estão a resultar numa indústria mais inteligente e mais eficiente.

Segundo Nelson Ferreira, “do Augmanity resultam tecnologias e ferramentas que tornam os processos industriais mais eficientes, menos impactantes na saúde dos trabalhadores e que preparam os recursos humanos para uma nova realidade industrial”.
Além disso, “este projeto tem desde início o objetivo de potencializar o reconhecimento de Portugal como um verdadeiro centro de inovação a nível mundial na Indústria 4.0 capaz de exportar tecnologia”.
A Bosch Home Confort é a líder do consórcio deste projeto, constituído por diversas empresas nacionais e internacionais, entre as quais AAPICO, Altice Labs, Atena, Bosch Security Systems, Critical Manufacturing, EPL, Globaltronic, GroundControl, Huawei, ICC Lavoro, IKEA Industry, Microplásticos e OLI, assim como um conjunto alargado de entidades do sistema de investigação e inovação nacional, como o CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, o CCG – Centro de Computação Gráfica da Universidade do Minho, o Pólo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica – TICE.PT, as Faculdades de Engenharia e de Ciências da Universidade do Porto, o Instituto de Telecomunicações, o Fraunhofer Portugal, e a Universidade de Aveiro como parceiro científico estratégico.
Este projeto teve o financiamento do Portugal 2020 no âmbito do POCI, do Lisboa2020 e pelo FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional).
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