Os países que produzem o petróleo do mundo estão a ser esmagados pelos preços baixos. Enormes excedentes orçamentais estão a transformar-se em défices e programas sociais generosos estão a ser substituídos por austeridade e cortes nas regalias.
Que se passa com o petróleo?
O valor deste combustível fóssil entrou em colapso, estando agora abaixo dos 37 dólares por barril. Em comparação com os mais de 100 dólares que já se pagou em meados de 2014. A escassez mundial de petróleo, a determinação da Opep para bombear como se não houvesse amanhã, a desaceleração da procura da China e de outros países, estão na origem de uma baixa de preços do petróleo para novos mínimos. Mas há também as novas fontes de energia renováveis, o investimento cada vez maior e a própria indústria automóvel que está a mudar o paradigma. Isso também tem sido visível e certamente está a assustar os barões do “ouro negro”.
Estes são os países que estão a ser completamente esmagados pelos mínimos a que vemos negociar os combustíveis:
1 – Venezuela

A Venezuela tem as maiores reservas de crude do mundo. O governo venezuelano usou durante anos o dinheiro que resultou da exploração e venda do petróleo para financiar pensões, cuidados de saúde, benefícios sociais, habitação, e até mesmo supermercados para manter controlada a população.
Agora, a economia está à beira do colapso. A inflação subiu mais de 150% em 2015 e deverá aumentar mais de 200% no próximo ano. O governo é incapaz de pagar as suas contas. Os alimentos e os suprimentos básicos estão em falta. A crise económica levou à turbulência política. No início deste mês, a oposição do país conquistou a maioria, numa eleição pela primeira vez em 17 anos. Mas está longe de haver uma estabilidade governativa. É também um país atrasado tecnologicamente.
2 – Arábia Saudita

O petróleo responde por 75% da receita da Arábia Saudita e as finanças do país estão a bater no fundo. O governo publicou um défice orçamental de quase 100 mil milhões de dólares em 2015 e anunciou duras medidas de austeridade para o próximo ano.
“Isso é um lembrete de que mesmo um produtor de petróleo de menor custo do mundo baseia-se em preços elevados (ER) para equilibrar o seu orçamento e os preços actuais não chegam nem perto”, disse Kit Juckes, estrategista global da Société Générale.
3 – Nigéria

Maior produtor de petróleo da África está em apuros. O crude representa cerca de 75% das receitas do governo da Nigéria e quase 90% das exportações do país.
A queda nos preços do petróleo deixou o governo incapaz de pagar as suas contas. A imprensa local informou que, nalgumas regiões, os funcionários públicos não recebem os salários há meses. O país está a sofrer cortes de energia e escassez de combustível.
4 – Rússia

Quase metade das receitas do governo da Rússia vêm das exportações de petróleo e gás. A queda dos preços do petróleo chegou quando a Rússia já estava a sofrer por causa das sanções económicas ocidentais, impostas a Moscovo, referentes ao envolvimento na crise na Ucrânia.
Orçamento da Rússia é baseado no preço do petróleo de 50 dólares por barril, mas o petróleo está a ser negociado em torno de 30 dólares. O Fundo Monetário Internacional estimou que o PIB russo encolheu 3,8% em 2015 e que, por outro, vá encolher 0,6% este ano.
5 – Iraque

Os baixos preços do petróleo estão a esmagar as finanças do Iraque, logo agora que o país precisa desesperadamente de uma renda para financiar a sua guerra contra o ISIS.
O Iraque tem estado a bombear quantidades recordes de petróleo este ano, mas o aumento da produção não compensou a queda dos preços. O país tem grandes reservas de petróleo, mas precisa de mais investimentos em infra-estruturas para chegar até ele.
Em conclusão…
O petróleo é hoje uma “arma” terrível para controlar as finanças das super potências, diminuindo-lhes consideravelmente a sua margem de acção, como vemos na Rússia. No caso dos países árabes e com o fim das sanções do Irão, mais um forte produtor de petróleo naquela parte do globo e a poder vender sem as restrições impostas, irá ainda mais pressionar os preços e para países que vivem quase exclusivamente da renda do petróleo, o futuro não parece nada risonho.
Angola tem já igualmente as repercussões deste novo paradigma do valor do ouro negro. O petróleo deixou de render valores que estavam a servir de impulsionador ao crescimento do país.
Outro factor que temos visto com cada vez mais relevância é a indústria automóvel a apostar nos veículos eléctricos. Poderemos numa década ter um parque automóvel muito menos dependente do crude assim como outras áreas onde os painéis solares são hoje em muito mais quantidade e qualidade.
CNN Money
Somos todos escravos do monopólio energético. Quanto mais depressa a tecnologia solar prosperar (em qualidade, quantidade/adopção), assim como as baterias (significativamente mais baratas e menos perigosas) mais depressa teremos uma sociedade livre. É possível abastecer um carro eléctrico pelos nossos meios (painéis solares por ex.), mas não conseguimos fazer gasolina.
Sem dúvida, contudo o facto de durante décadas os barões do petróleo terem asfixiado o mundo dependente, vai resultar numa catástrofe para quem sempre só viveu à conta desse ouro negro.
Não posso estar mais de acordo! Disse tudo. No fim de contas há muito que sonhamos com um Mundo assim!
Esqueceram-se de Angola, que se a situação estiver assim mais 2 ou 3 meses, é bem capaz de entrar em colapso.
Está no texto.