Apenas um por cento dos sites das escolas públicas cumpre com rigor as normas de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, revela um estudo da Universidade Portucalense divulgado esta segunda-feira, que abrangeu a quase totalidade dos agrupamentos.
Sites das escolas portuguesas falham na acessibilidade
De acordo com Vítor Henriques, autor do estudo “Menos de 1% tem a classificação de excelente e muito boa prática. Temos mais de 22% com a classificação de má prática, satisfatório somente cerca de 53%, o que significa que há muito trabalho a fazer”.
No documento que acompanha o estudo, frisa-se que 15 anos após a publicação da legislação relativa à acessibilidade de informação na internet para pessoas com necessidades especiais, em 954 sites de escolas analisados, “apenas um por cento cumpre as normas de acessibilidade“. Entre as falhas encontradas estão a publicação de imagens, gráficos e tabelas, sem texto alternativo, e a falta de um conversor de texto em áudio para que as pessoas cegas possam ter acesso à informação, exemplificou o responsável pelo trabalho.
O estudo resulta de uma tese de dissertação e intitula-se As escolas portuguesas na Internet: uma avaliação dos sítios web das escolas públicas. O autor utilizou as ferramentas e a listagem de escolas disponível no Ministério da Educação e centrou-se nos agrupamentos do 2.º Ciclo ao ensino secundário.
Para Vítor Henriques, os resultados apurados são pouco encorajadores, uma vez que “além do número de escolas que apresentam o símbolo de acessibilidade ser residual (1%), apenas 0,53% são classificadas de muito boa prática ou excelente”. O professor analisou ainda os conteúdos das páginas de 305 escolas da área da Direcção Regional do Norte (DREN), tendo concluído que mais de 48% não apresenta a oferta formativa e mais de 57% não mostra o plano de estudos.
“Não existe o cuidado de quem faz o sítio de respeitar as normas e também não há orientação por parte do Ministério da Educação”, lamentou o investigador, sublinhando que só 51% dos sítios apresentam os cursos que oferecem. Vítor Henriques formulou algumas recomendações, como a publicação da data da última actualização, o contacto do administrador da página e também o endereço: “algumas páginas em vez de ´.pt´, utilizam o domínio ´.com´, que é comercial, está errado”.
“Não existe nenhuma recomendação ou orientação por parte do Ministério da Educação, permitindo que cada escola tenha a autonomia de escolher o seu domínio, no entanto recomenda-se a escolha do domínio edu.pt, uma vez que é o que corresponde aos sítios educacionais portugueses”, lê-se no documento. De acordo com o estudo, apenas 11,48 por cento das escolas da DREN utilizam este domínio.
Via LUSA/Público
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