Estas tendências levaram a mudanças, como nos modelos de comercialização dos produtos, fazendo por exemplo que a maior empresa de táxis do mundo não seja proprietária de um único taxi (Uber), que os fabricantes de software mais importantes do mundo não escrevam as suas aplicações (Apple e Google) ou que o mais importante fornecedor de alojamentos a nível mundial não seja o feliz proprietário de um único hotel (Airbnb).
Mas, hoje em dia, o impacto desta revolução digital não afeta exclusivamente as grandes corporações multinacionais, mas toda e qualquer empresa, tanto no sector das TI como praticamente em qualquer outro mercado ou segmento, independentemente da sua atividade (indústria, banca, serviços, farmacêuticas, seguros, etc).
A premissa atual, perante a mudança inevitável é a da evolução, naquilo que pode ser resumido como um simples imperato: renovar ou morrer. Não é por acaso que os novos jogadores das grandes ligas corporativas, e de mais rápido crescimento, são, ou novas empresas, ou empresas com poucos anos de existência (leia-se Uber, Google, Airbnb, SocietyOne, Facebook…).
Para enfrentar esta mudança, as empresas, ou sectores mais tradicionais no que se refere ao uso da tecnologia, devem adaptar-se a este novo meio e enfrentar a realidade exigida pelos seus clientes: serem imediatas na resposta. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e pouco disponíveis para esperar.
Por exemplo, qualquer pessoa quer aceder à banca online, em qualquer momento do dia ou da noite, e a partir de qualquer lugar, para consultar o seu saldo ou fazer uma transferência, uma compra online ou solicitar um crédito (estas tarefas eram impensáveis há menos de 15 anos, obrigando a visitar uma sucursal, num intervalo de horas do dia limitado). Se estes serviços não estão disponíveis, o banco acaba simplesmente por perder o cliente, já habituado a usufruir destes serviços de uma forma imediata. O mesmo acontece com as compras online ou outros serviços de utilidade pública, como a marcação de consultas, por exemplo.
A disponibilidade da informação tornou-se num caminho crítico para o sucesso na empresa de hoje. Esta é a principal razão pela qual devemos assumir que o uso das mesmas ferramentas que utilizávamos há poucos anos vai seguramente mudar. Todas, e cada uma destas ferramentas, acabarão por se tornar obsoletas mais depressa do que o previsto, passando a ser incapazes de responder eficazmente às necessidades e exigências dos clientes e utilizadores e, por arrasto, do próprio negócio.
Isto não significa, contudo, que se deva deitar para o lixo todo o investimento realizado em tecnologia no passado, mas antes continuar a utilizar a tecnologia onde mais se aplique ao negócio no momento atual, como para a retenção de informação a longo prazo, ou inclusive para a proteção de sistemas com menor criticidade e impacto, em caso de interrupção, corrupção ou desastre. Isto porque, na minha opinião, esta tecnologia legacy não deverá ser utilizada para proteger as aplicações criticas de negócio. Tomemos como exemplo um relatório recente da consultora ESG, em que algumas das conclusões principais a ressaltar são as seguintes:
- Cerca de 30% dos servidores (físicos e virtuais) têm um acordo de nível de serviço (SLA) de menos de 15 minutos
- Outro terço (física ou virtual), tem um SLA de menos de duas horas
- Só 14% dos sistemas podem ter tempos de paragem superiores a seis horas.
Para estes últimos, o backup tradicional tipo streaming é, provavelmente, suficiente (independentemente do tipo de backup: completo, incremental, de-duplicado, etc), mas para os 86% restantes cujo SLA é de menos de 6 horas, devemos pensar em alternativas, ou na combinação de diferentes tecnologias que permitam responder às carências do backup tradicional, como o uso de snapshots e de replicação.
O ponto concreto onde se encontram os níveis de serviço requeridos pelo negócio, e a ineficácia dos sistemas de backup tradicionais, para cumprir estes acordos, é precisamente o mesmo que deve fazer evoluir as empresas de forma a cumprirem as exigências dos seus clientes e, logo, crescer, expandir-se, ou melhor dizendo sobreviver e evoluir.
Como disse anteriormente, devemos analisar a nossa estratégia de proteção e retenção de dados e decidir, por um lado, qual é a arquitetura ideal para o nosso ambiente e necessidades de negócio, e, por outro, que tipo de ferramentas de proteção devemos utilizar, dependendo da criticidade da informação e dos sistemas, tendo em conta tanto os custos como a eficácia operacional, utilizando soluções multifuncionais que permitam cobrir o espectro completo da gestão da informação. Outra opção é recorrer a soluções pontuais e independentes para cada plataforma ou sistema. Mas não nos enganemos: ninguém se preocupa com a proteção dos dados, ninguém se importa com o backup! Simplesmente, não é relevante para o negócio.
O que, isso sim, nunca deveria deixar de ser levado a sério é a garantia de podermos recuperar a informação da forma mais rápida possível em caso de necessidade. O problema que se coloca de novo é o crescimento desmesurado da informação nas empresas e a exigência intransigente da mesma num mundo sempre conectado, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, todos os dias do ano.
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